Entrada livre para quem não pretender certificado do colóquio.
Certificado 5€
Certificado 5€
Comissão Organizadora:
|
Durante o ano de 2015, comemorou-se em Portugal e no Brasil o centenário da Revista Orpheu com um Congresso Internacional Luso-Brasileiro (100/Orpheu, em Lisboa e S. Paulo), com múltiplas e diversificadas iniciativas, promovido pelo Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL), LEPEM – Universidade de S. Paulo, Academia Lusófona Luís de Camões, Instituto de Cultura Europeia e Atlântica (ICEA), Instituto Fernando Pessoa e dezenas de Instituições Associadas de todo o mundo. Do encontro científico tradicional (Congresso na Fundação Calouste Gulbenkian e na Universidade de S. Paulo, Colóquio na Fundação Eng. António de Almeida), passando pela Festa das Artes, Letras & Ciências no Centro Cultural de Belém (Lisboa), com mesas redondas disciplinares, até lançamentos, exposições, seminários e conferência, foi vasta a multiplicidade de eventos nos continentes europeu e americano.
Atentos à complexidade dos movimentos modernista em Portugal e no Brasil, esses eventos destacaram aspectos centrais na historiografia e crítica literárias lusófonas: as condições intertextuais e dialógicas dos projectos e autores modernistas luso-brasileiros; as interfaces políticas, sociais, filosóficas das estéticas modernistas com os movimentos culturais do século XX; o constante diálogo com a tradição literária simbolista, decadentista e saudosista e com a tradição historiográfica de ressignificação dos mitos pátrios portugueses; a interpenetração de várias linguagens artísticas (literatura, artes plásticas, música e cinema).
|
Comissão Científica:
|
Além das questões enunciadas, também se pretende neste encontro, reflectir sobre a relação entre estas revistas e o cânone literário, a modernidade e a tradição. Nota-se, no âmbito da crítica literária, a tendência para iluminar algumas figuras primaciais do Modernismo português como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, deixando mais na sombra outras também importantes como Alfredo Pedro Guisado, Armando Côrtes-Rodrigues, Raul Leal, Ângelo de Lima, entre outros. No cânone literário brasileiro, evidenciam-se habitualmente os nomes de Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira como os autores de maior relevância para o primeiro Modernismo, esbatendo-se, em simultâneo, a importântica do Movimento Verde-Amarelo e do grupo da Anta, liderado por Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e Plínio Salgado. Motivações circunstanciais, de natureza ideológica e estética, poderão explicar esta perspectivação crítica, o que justificará, também, uma reflexão sobre os factores canonização e legitimação do discurso literário.
No ano de 2016, comemoram-se duas importantes efemérides, o centenário das revistas Exílio (número único, Abril 1916) e Centauro (número único, Outubro 1916), respectivamente dirigidas por Augusto de Santa-Rita (irmão do artista plástico Guilherme de Santa-Rita, ou Santa-Rita Pintor) e Luís de Montalvor (um dos directores do primeiro número da Orpheu). Augusto de Santa-Rita pretendia, com Exílio, uma revista de “artes, sciencias e letras”, com ideias de metafísica da Raça portuguesa, próximas do grupo da Renascença Portuguesa e da revista portuense A Águia, como fica patente na colaboração de António Sardinha acerca do canto guerreiro de sacrifício pela Pátria, em consonância com algumas ideias de Teixeira de Pascoaes em A arte de ser português. Enquanto Exílio apresentava, a par de colaborações literárias de Alfredo Guisado, Fernando Pessoa, Côrtes-Rodrigues e António Ferro, algumas colaborações de discurso histórico e político,Centauro busca transcender toda a “moral colectiva”, “mordaça da moral individual”, afirmando uma “moral estética” de uma arte tributária do Decadentismo nas linhas de Mallarmé e Maeterlink. Luiz de Montalvor, Alberto Osório de Castro, Raul Leal, Fernando Pessoa, Julio de Vilhena e Silva Tavares colaboram na revista que publica pela primeira vez quinze poemas de Camilo Pessanha. ditar. |